Neither in the dark, neither in the light. We write our stories covered by shades.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Memórias... E vingança.

Barulho; Pessoas conversando, bebendo, se divertindo. Nada disso importa. Tudo que o anão vê é o copo em sua frente; A única coisa naquele castelo que o lembra de seu reino. Doherimm. Como posso considerá-lo "meu" reino, depois de tudo? Não podia. Doherimm não era mais o lugar que conhecia. Não era mais um lar. Querendo ou não, seu lar agora era ali - Naquele castelo, que havia arriscado sua vida para defender.

Mas, pensando bem, não é como se isso fosse algo extraordinário. Ghern acharia estranho se NÃO tivesse lutado. Essa era, afinal, sua vida. Desde que se tornara adulto, havia vivido uma batalha após a outra; No fundo, seu verdadeiro lar era o campo de batalha. Mesmo que não gostasse de admitir, era a única coisa que o fazia se sentir verdadeiramente vivo.
Mesmo assim, havia algo de diferente agora. Lembrava-se dos tempos da guerra. Da época em que era o grande general Jahldrimm, líder da 7ª unidade de elite, um tempo no qual tinha certeza de suas convicções. Um tempo sem dúvidas, sem truques. Bons tempos.

Ghern sentia falta daqueles tempos. Sentia falta da certeza, de saber que podia confiar em seu próprio povo. A única coisa que ainda tinha, era a sensação do próprio sangue correndo nas veias, e do sangue inimigo manchando seu machado e armadura. Agora, porém, havia outra coisa. Havia justiça. Havia, mesmo que quase invisivel, um fio de esperança.

O Balor. Jonas. O desgraçado que manipulou seu povo, e virou seu próprio clã contra ele. O anão esvazia o copo, pede mais um, pragueja em sua lingua natal e jura silenciosamente que verá o crânio do demônio decorando o salão de seu clã.

Claro, Jonas não é o único, e nem o maior dos inimigos. Ainda existe a Tormenta. Invencível, inexorável, a tempestade permanecia um câncer crescente, sua influência se extendendo cada vez mais. Mas ele sabia que não seria possivel enfrentá-la. Não agora. Não sozinho. Apesar de tudo, não gostava da idéia de se sacrificar à toa. Mesmo que seja dificil admitir, tinha um motivo pra viver. Tinha pessoas a proteger.

Mais um copo vazio. Mais dois copos pedidos. Lembrava-se dos companheiros. Mesmo que não goste disso, havia se apegado a eles. De inicio, evitava. Não queria repetir a dor de ver seus soldados caindo diante de seus olhos, nem queria arrastar outros para sua propria batalha. Mas pensando bem, agora não é apenas minha. Lembrou-se dos elfos. Do garoto. Mesmo contra todo seu bom senso, gostava do garoto. Ele tinha fibra, mesmo que não visse isso. Ghern achava engraçado que Martin tivesse se tornado clérigo. Achava que o garoto era bom demais pra servir a deusa patética que servia. Mas confiava nele. Confiava em seus companheiros de batalha, pelo menos naqueles que haviam provado sua lealdade. Toby. La-uth. O garoto. Quanto aos outros, tinha suas dúvidas. Gostava da Nagah, mas sabia que não podia confiar sua própria vida a ela. Pensava o mesmo do mago.

Mesmo assim, teriam que se provar quando a batalha viesse. E ela viria. O tempo de resolução se aproximava; E o Balor e seus servos aprenderiam a temer o nome do clã Jahldrimm.

"Mais uma cerveja!"

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